Desemprego atinge patamar recorde de 13,5 milhões de pessoas

Em um ano, o país perdeu 1,788 milhão de postos de trabalho, sendo 1,134 milhão com carteira assinada; no mesmo período, a população desempregada aumentou em 3,176 milhões e a população inativa cresceu em 730 mil pessoas

RIO – O País registrou o patamar recorde de 13,547 milhões de pessoas desempregadas no trimestre encerrado em fevereiro de 2017, dentro da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), iniciada no primeiro trimestre de 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado significa que há mais 3,176 milhões de desempregados em relação a um ano antes, o equivalente a um aumento de 30,6%. Ao mesmo tempo, o total de ocupados caiu 2,0% no período de um ano, o equivalente ao fechamento de 1,788 milhão de postos de trabalho.

Como consequência, a taxa de desemprego passou de 10,2% no trimestre até fevereiro de 2016 para 13,2% no trimestre até fevereiro de 2017, também a mais alta já registrada na série histórica da pesquisa.

A taxa de desemprego só não foi mais elevada porque 730 mil brasileiros migraram para a inatividade no período de um ano. O aumento na população que está fora da força de trabalho foi de 1,1% no trimestre encerrado em fevereiro ante o mesmo período de 2016.

O nível da ocupação, que mede o porcentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar, foi estimado em 53,4% no trimestre até fevereiro, o mais baixo de toda a série histórica.

Vagas formais. O mercado de trabalho no País perdeu 1,134 milhão de vagas com carteira assinada no período de um ano. O total de postos de trabalho formais no setor privado encolheu 3,3% no trimestre encerrado em fevereiro de 2017, ante o mesmo período do ano anterior.

Já o emprego sem carteira no setor privado teve aumento de 5,5%, com 531 mil empregados a mais. O total de empregadores cresceu também 9,5% ante o trimestre encerrado em fevereiro de 2016, com 359 mil pessoas a mais.

O trabalho por conta própria encolheu 4,8% no período, com 1,129 milhão de pessoas a menos nessa condição.

Houve redução ainda de 161 mil indivíduos na condição do trabalhador doméstico, 2,6% de ocupados a menos nessa função. A condição de trabalhador familiar auxiliar também encolheu, -2,9%, com 66 mil ocupados a menos.

Setores.  A indústria manteve as dispensas de empregados no País. A atividade cortou 511 mil trabalhadores no período de um ano.

O total de ocupados na indústria recuou 4,3% no trimestre encerrado em fevereiro de 2017 ante o mesmo período do ano anterior. Já a construção extinguiu 749 mil postos de trabalho em fevereiro ante um ano antes, queda de 9,7% na ocupação no setor.

O comércio dispensou 193 mil empregados no trimestre encerrado em fevereiro ante o mesmo período do ano anterior, queda de 1,1% na ocupação no setor.

Outras atividades com corte de vagas foram agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (-702 mil empregados, recuo de 7,4% no total de ocupados), administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (-242 mil vagas, queda de 1,6%) e serviços domésticos (-193 mil empregados, redução de 3,1% no total de ocupados).

O setor de Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas – que inclui alguns serviços prestados à indústria – registrou um avanço 208 mil vagas em um ano, 2,2% de ocupados a mais.

Também houve aumento em fevereiro no contingente de trabalhadores de alojamento e alimentação (+409 mil empregados), outros serviços (+119 mil pessoas) e transporte, armazenagem e correio (+72 mil ocupados).

A renda média real do trabalhador foi de R$ 2.068 no trimestre até fevereiro. O resultado representa estabilidade em relação ao mesmo período do ano anterior.

A massa de renda real habitual paga aos ocupados somou R$ 180,2 bilhões no trimestre até fevereiro, estável ante igual período do ano anterior.

Desde janeiro de 2014, o IBGE passou a divulgar a taxa de desocupação em bases trimestrais para todo o território nacional. A pesquisa substituiu a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), que abrangia apenas as seis principais regiões metropolitanas, e também a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) anual, que produzia informações referentes somente ao mês de setembro de cada ano.

Fonte: Estadão