Para Miriam Leitão, 2017 será de retomada do crescimento

Durante palestra, jornalista enfatizou que independentemente de governo, o futuro “depende de nós”

O Brasil voltará a crescer em 2017. A avaliação é de Miriam Leitão, jornalista especializada em Economia, comentarista de telejornais da Rede Globo e apresentadora da GloboNews, durante palestra no CMS 2016.

A especialista apresentou análises e projeções que indicam que em 2017 o Brasil retomará o crescimento econômico, impulsionado por inflação mais baixa, melhora na confiança do consumidor, reorganização das famílias endividadas e consequentemente possível melhora no crédito também.

A inadimplência das empresas está alta, mas ainda é baixa, apontou Miriam. “Quando a inflação cai, a confiança sobe.” Pesquisa realizada com os participantes do evento também indicou otimismo do segmento de crédito, cobrança e call center para 2017.

Esperança no futuro

Miriam Leitão destacou sua esperança no futuro. Aproveitando a canção apresentada pelo Coral da Gente, durante a abertura do CMS 2016, a jornalista reforçou o refrão “Depende de Nós” e se mostrou emocionada com as crianças e com o futuro do Brasil.

Durante sua exposição, a jornalista abordou fatores que demonstram o crescimento do Brasil além da questão econômica. “A gente perde a noção de como evoluímos como país”, disse.

A especialista relacionou quatro marcos que demonstram a evolução brasileira: a conquista da democracia, o controle da inflação, as políticas sociais que tornaram possível a inclusão de milhões de pessoas juntamente com o combate às discriminações sociais e raciais e o combate à corrupção.

Ela lembrou que a conquista da Democracia não foi fácil. Foi necessário um pacto da sociedade para que terminassem todas as ditaduras.  “É um casamento com a Democracia com tudo o que ela significa. Não é um governo perfeito, mas é um governo que pode evoluir, pode ser consertado e se entrar em crise tem mecanismos institucionais de saída da crise”, descreveu.

Outro marco da evolução brasileira, 1994, foi lembrado como o ano em que a inflação chegou a dois dígitos mas foi debelada depois de 50 anos. “Foi uma vitória importante”.

Em terceiro lugar, a jornalista citou como avanço “civilizatório”, a partir de 2004, a adoção de políticas sociais. “2004 porque começa o Bolsa Família que foi uma evolução de projetos já testados. Foi uma ideia importante”, abordou Miriam Leitão.

Segundo ela, “o Estado tem o dever de, com os impostos gerais arrecadados, construir uma rede de proteção social. A ideia de incluir brasileiros e fazer o resgate para uma rede de proteção social, isso é civilizatório.”

A jornalista considera importante a existência e o aperfeiçoamento de programas sociais “para corrigir todas as imperfeições existentes”. Ela também avaliou que as políticas sociais, assim como o combate à inflação, não pertencem a um governo ou partido.

Na visão da palestrante, seria absurdo qualquer governo abandonar as políticas sociais que reduziram a extrema pobreza no Brasil e toda discussão sobre inclusão racial no Brasil, porque “se fizer isso vai perder o melhor dos últimos anos”.

“Os governos passam, as ideias são dos países. Os governos executaram sob nossas ordens. O fato de governantes não governarem mais não significa a gente abandonar as políticas que melhoraram o Brasil nos últimos anos”, citou.

Sobre o combate à corrupção, quarto grande avanço mencionado, Miriam avaliou que na terra do jeitinho, dos fidalgos, das capitanias hereditárias, do ‘você sabe com quem está falando’, está havendo um corajoso combate à corrupção. “Estamos dando uma salto civilizatório nesse momento”.

Crises gêmeas

Apesar de o país viver o que Miriam chama de “crises gêmeas” – crise política mais crise econômica -, agravadas pelas turbulências da Operação Lava Jato, suas projeções indicam que o país está se reabilitando. Até mesmo porque o Brasil, historicamente não vive mais do que três anos em crise e tem uma economia resiliente, que se recupera rápido. “O Brasil mais cresce que não cresce”.

Sobre o governo federal, Miriam lembrou que numa entrevista que fez com o presidente Michel Temer, ele disse que não queria ser popular. “Vejo que ele está se esforçando bastante”, brincou a jornalista.

O atual governo tem 27 meses pela frente e é caracterizado pela mudança de ministérios de acordo com as crises. Ela acredita que outras crises virão por se tratar de um governo formado por parlamentares, com o objetivo de aprovar projetos. “Só que escolheu pessoas que têm vulnerabilidades e são ameaçadas pela Lava-Jato e outras investigações. Vai ser um governo que sempre vai ter alguma surpresa, algum tremor. Não vai ser um governo estável. A gente tem de contar que no cenário político vai ser sempre instabilidade, porque outros eventos podem acontecer porque tem uma grande investigação em andamento e essa investigação pode atingir pessoas do governo, da estrutura do poder”, explicou.

“É preciso ter em mente que temos um governo de instabilidades”. E Miriam lembra que a economia não gosta de instabilidade. Mas alguns itens começam a melhorar e reduzem o desconforto, como a queda da inflação. “A inflação está caindo a golpes de recessão”. Ao mesmo tempo, aumenta a confiança do consumidor, o que aumenta o consumo.

Fator Trump

A jornalista também citou a incógnita que representa o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, o qual fala em recriar a indústria do Meio-Oeste americano em plena globalização. “Seria como voltar a roda da história: globalização, distribuição da produção pelo mundo”, explicou. “Ele quer fazer tudo nos Estados Unidos, impor barreiras. Não é viável no mundo atual, o programa dele é muito confuso.”

Para o Brasil, os planos de Trump de proteção são complicados, na avaliação de Miriam.

“Ninguém sabe o que ele vai fazer. Nem ele”, arrematou a especialista.

Fonte: Redação Aserc