Resale lança projeto para vender imóveis em débito

A plataforma Resale, especializada na venda de imóveis que foram levados à leilão, lançou há duas semanas um projeto piloto em parceria com o Itaú para facilitar a venda de casas e apartamentos que estão com o financiamento atrasado e correm o risco de serem retomados.

Chamado de Quita Imóvel, o serviço disponibiliza o imóvel com as contas atrasadas para venda na plataforma da Resale. Ao ser comercializado, o valor fica retido em uma conta digital administrada pela companhia, que quita o financiamento com o banco e também outras contas, se houver, como IPTU e condomínio. Caso sobre um valor, a Resale devolve ao cliente após a desocupação.

“Fazemos um bom trabalho em vender o estoque dos bancos, mas era um desejo antigo conseguir entrar mais cedo nessa cadeia, antes da retomada do imóvel”, afirma o fundador e presidente da Resale, Marcelo Prata.

O benefício para o cliente que está inadimplente com seu financiamento é evitar uma ação de despejo e limpar seu nome.

Segundo Prata, o devedor geralmente não reconhece a celeridade que um processo de despejo pode tomar, e essa velocidade deve aumentar no próximo ano. “Temos notícia de represamento de retomada nos bancos, o que é horroroso para as instituições. Quando elas retomam, despesas e custos passam a ser delas”, diz.

Prata compara a perda de um imóvel financiado a um momento de luto, que tem seus estágios, começando pela negação, quando o morador não acredita que realmente há risco de despejo. Passa ainda pela raiva, barganha e depressão, até chegar na aceitação. “O ponto é como conseguimos encurtar essa fase do luto, ajudar a pessoa a chegar mais cedo na aceitação”, afirma.

Para dar senso de urgência ao cliente e também garantir que um novo comprador vá chegar a tempo, a plataforma vai acompanhar o andamento do processo com a instituição financeira. “Às vezes você perde oportunidade porque a esteira jurídica do banco correu mais rápido do que a chegada de um comprador”, diz.

O Quita Imóvel começou com parceria com o Itaú, mas Prata afirma querer atingir outras instituições no próximo semestre.

Quase metade das pessoas que navegam pela plataforma da Resale não são investidores, mas clientes finais, que procuram um imóvel para morar com desconto, diz Prata. Porém, têm medo de se envolver com “ativos estressados”, como o setor nomeia imóveis com débitos ou ainda ocupados.

A empresa espera que o Quita Imóvel seja uma solução para esses compradores, já que a própria companhia vai garantir os pagamentos e a desocupação da propriedade, que no leilão fica a cargo do arrematante.

Outra vantagem, segundo o executivo, é que esses imóveis podem ser financiados, algo mais difícil em propriedades leiloadas. “Como quase 90% dos imóveis estão ocupados, o novo banco não consegue entrar no imóvel pra checar seu estado”, afirma. No caso dos imóveis da Quita, a ideia é que o morador colabore com as visitas dos bancos, para acelerar a venda.

Prata afirma que os imóveis do novo programa podem ser 25% a 30% mais baratos do que no mercado tradicional, mas a venda será realizada para quem oferecer o maior valor, e precisa ser aceita pelo dono do financiamento.

A Resale projeta terminar 2023 com 30% do seu portfólio, hoje formado por estoque retomado de bancos e do governo, vindo do Quita Imóvel, e quer inverter essa proporção em três anos.

Fonte: Valor Econômico