Tinder de boletos: projeto incentiva pessoas a pagarem contas de consumo de quem não está conseguindo se sustentar

Um match desse é realmente muito legal pra quem ajuda e pra que é ajudado. Um projeto criado por um brasileiro da área de tecnologia está conectando quem tem uma graninha sobrando e quem precisa de uma mãozinha pra pagar aquela conta de luz, de água, de telefone, que está só se acumulando.

O Garrafa no Mar é literalmente uma rede de navegação onde um boleto é lançado na vastidão da internet na esperança de que alguém possa fisgá-lo e pagá-lo. Desde o início do projeto, quase 3 mil boletos já foram pagos, quase R$ 300 mil. É o tinder da solidariedade, minha gente.

A ideia nasceu no início da pandemia. “Pensei: e as contas das pessoas? Como seriam pagas? Foi quando, um dia, de madrugada, no meu lugar de branco, privilegiado, recebendo meu salário e em isolamento, pensei como eu poderia ajudar, pela internet aqueles que precisavam”, disse o analista de sistemas Alexandre Caruso, idealizador da iniciativa.

Foi então que Alexandre criou uma planilha no Google Sheet para as pessoas lançarem seus boletos e os colaboradores pescarem as contas. “Pensei: por que não criar um mural eletrônico em que as pessoas colocassem suas contas e quem pudesse as pagaria? Isso traria um respiro, um conforto, um alívio para quem estava iniciando uma bola de neve de dívidas. Imagino que não seja fácil buscar alternativas, fazer cursos online, transformar o negócio para digital e coisas afins”, disse.

Hoje já são quase 7 mil pessoas cadastradas, entre doadores, os chamados anjos, e beneficiários. Para entrar na plataforma, basta fazer um cadastro clicando aqui, ou acessar o aplicativo.

Existem dois tipos de boleto, que são os de cobrança como seguro e mensalidade escolar e de consumo como água, luz, gás, telefone e internet. A artesã Vanessa Victor, do Rio de Janeiro, teve sua conta de luz paga por uma doadora que mora em Sidney, na Austrália. “Eu fiquei com cinco atrasadas. Eu dava preferência mais para estocar comida. É um projeto de anjos para ajudar quem precisa. Caiu mesmo do céu”, disse.

Foi assim também com a artesã Renata Souza, que teve sua internet cortada. A sua filha, Hillary, de 14 anos, que sonha ser pediatra, ficou sem assistir aulas escolares remotas. Um anjo pagou a conta e a menina voltou a estudar e a sonhar.

“Neste tipo de projeto, o nível de doação do ser humano, eu considero o mais alto de todos, ou seja, doar por pura empatia pelo próximo, doar por acreditar no próprio ser humano. Acredito que podemos fazer o mínimo, onde se cada um ajudar, estaremos ajudando muitos! Sem falar que, ajustar uma conta atrasada de uma família pode ser transformador e gratificante também para quem ajuda também”, finalizou Alexandre.

Fonte: Razões Para Acreditar