Inadimplência cresce, mas BB tem resultado recorde

Banco teve lucro de R$ 9 bilhões no trimestre e de R$ 31,8 bilhões em 2022; instituição provisionou 50% da exposição à Americanas

O Banco do Brasil (BB) teve resultados recordes tanto no quarto trimestre como nos números fechados de 2022. Com crescimento na carteira de crédito e na margem financeira e a despeito da alta da inadimplência, a instituição superou a rentabilidade dos pares privados e divulgou projeções otimistas para este ano.

O banco provisionou 50% da exposição à Americanas. Foi mais conservador que o Santander, que constituiu reservas para cobrir 30% das dívidas da companhia, mas bem menos que Itaú Unibanco e Bradesco, que já provisionaram 100%. O BB tem exposição de R$ 1,6 bilhão à varejista, segundo nova lista de credores da empresa.

O BB registrou lucro ajustado de R$ 9,039 bilhões no quarto trimestre, aumento de 8,1% frente ao terceiro trimestre e 52,4% em relação a igual período de 2021. No ano, o ganho foi de R$ 31,815 bilhões, alta de 51,3%. O resultado ficou acima da projeção dos analistas ouvidos pelo Valor, de R$ 8,246 bilhões. O número ainda reflete a administração Fausto Ribeiro, já que a nova CEO, Tarciana Medeiros, assumiu em 16 de janeiro.

Com isso, o BB apresentou um retorno sobre o patrimônio líquido de 23% no quarto trimestre, superando a rentabilidade dos pares, que foram mais “machucados” pelo caso Americanas.

A margem financeira bruta totalizou R$ 21,451 bilhões no quarto trimestre, alta de 9,7% em comparação ao terceiro trimestre e 44,9% em 12 meses. As provisões para crédito de liquidação duvidosa (PDD) ampliadas tiveram alta de 44,7% frente ao terceiro trimestre e 72,4% na comparação com o quarto trimestre de 2021, totalizando R$ 6,534 bilhões.

Sem citar o nome das Americanas, o banco informou que “a análise personalizada sobre o caso aplicada à metodologia de crédito ensejou provisionamento de R$ 788 milhões, correspondente a 50% da exposição ao ativo”. “Os desdobramentos do caso estão sob monitoramento constante e o volume de provisão acompanhará a evolução das negociações, sendo que eventual necessidade de agravamento adicional do risco e seu impacto em provisão já estão devidamente contemplados nas projeções de 2023”, complementou.

A carteira de crédito de pessoas físicas teve alta de 2,7% no trimestre e de 9% em 12 meses, ao atingir R$ 287,794 bilhões. Em pessoas jurídicas, ao somar R$ 280,009 bilhões, houve altas de 0,1% e 10,6%. No agronegócio o portfólio chegou a R$ 286,047 bilhões, com altas de 8,2% e 23,1% respectivamente. Segundo o BB, a carteira PF cresceu influenciada pelo desempenho do crédito consignado, do não consignado e de cartão de crédito.

O índice de inadimplência encerrou dezembro em 2,51%, ante 2,34% em setembro e 1,75% em no fim de 2021. O BB disse que esse movimento atrasos é justificado pelo aumento no saldo das operações em atraso da carteira PF, influenciado pelo cenário macro e pela estratégia de crescer em linhas de maiores risco e retorno.

No seu guidance, o banco diz que espera reportar um lucro entre R$ 33 bilhões e R$ 37 bilhões neste ano — ou seja, um aumento de até 19% em relação a 2022. Já para a margem financeira bruta o banco projeta crescimento entre 17% e 21%. No caso da carteira de crédito, espera um avanço de 8% a 12%. Para as despesas administrativas, estima um avanço de 7% e de 11%. Por fim, a expectativa para despesas com é de R$ 19 bilhões a R$ 23 bilhões.

Fonte: Valor Econômico