Aserc aborda desafios do setor para “Valor Econômico”

Como principal porta-voz do setor, a Aserc foi procurada pelo jornal Valor Econômico (valor.com.br) para falar do momento que vive o segmento de Recuperação de Crédito e contribuiu com informações importantes para subsidiar a realização da matéria.

Leia abaixo a matéria:

 

Crise desafia até empresa de cobrança

Das dívidas estimula a criação de novas estratégias para abordagem de credores

Valor Econômico

http://www.valor.com.br/financas/4651427/crise-desafia-ate-empresa-de-cobranca

29 Jul 2016

Felipe Datt

Com R$ 264,2 bilhões em dívidas atrasadas, o número de inadimplentes chegou a 59,47 milhões de pessoas em maio de 2016, conforme levantamento da Serasa Experian. O cenário alarmante, agravado pela crise econômica e o aumento do desemprego, provoca uma situação paradoxal para as empresas especializadas em recuperação de crédito. Se de um lado um número cada vez maior de credores, como bancos e financeiras, varejistas e até hospitais e universidades, recorrem a esses serviços, de outro está cada vez mais desafiador recuperar as dívidas.

“É senso comum achar que, em função do volume maior de inadimplentes, as empresas de recuperação estejam em situação melhor. Há de fato um aumento no volume das carteiras de dívidas, mas o desemprego mudou o perfil do inadimplente e a recuperação está mais difícil em qualquer segmento”, diz o gestor da Associação Nacional das Empresas de Recuperação de Crédito (Aserc), José Geraldo Girasol. Essa mudança de perfil do devedor se acentua desde meados de 2015 e traz desafios a um segmento que opera na base da remuneração por resultados – comissão por dívida recuperada.

Com um rol de 25 clientes no nicho de recuperação de crédito, en- tre bancos, financeiras e varejistas, a Flex sentiu a mudança de perfil. Enquanto as carteiras de cobrança cresceram, em média, 20% em um ano, com o avanço de segmentos como o da educação, as negociações para recuperar o dinheiro ficaram mais complicadas. Aquele consumidor que gastava acima do limite, mas que recorria ao 13º ou à restituição do IR para liquidar as dívidas, foi sendo substituído por outro que perdeu o emprego ou viu a renda encolher. Conforme o presidente Topázio Silveira Neto, isso mudou inclusive a forma de se aproximar do devedor.

“Hoje a abordagem é mais consultiva, no sentido de entender o problema do devedor e como podemos ajudá-lo a equacionar a dívida. Os próprios credores estão mais flexíveis com as formas de negociação. Todos querem que o cliente recupere o crédito e volte ao mercado de consumo”, diz. Atualmente, 40% da receita da empresa vem da área de cobrança, fruto de um movimento, em 2015, de compra do controle do Grupo RR, do segmento de cobrança, análise e concessão de crédito.

Uma série de startups passou a explorar o mercado de recuperação de crédito em anos recentes, em uma versão “light” de co- brança que busca atrair os endividados para liquidar pendências financeiras pela internet. Lançada em 2010 como uma espécie de coletora de propostas de consumidores inadimplentes que desejavam quitar suas dívidas, a Acordo Certo se reposicionou em 2015 como uma plataforma que permite fechar uma negociação totalmente online.

O roteiro é simples. Os consumidores efetuam o cadastro e, ao fazer login, escolhem uma das instituições credoras “plugadas” à plataforma. É possível verificar quais dívidas possuem com essas instituições e as condições de pagamento sugeridas pelos credores. Se a proposta agradar, o inadimplente faz o download do boleto no próprio site e o pagamento é creditado na conta do credor. A plataforma é comissionada sobre cada dívida paga.

Atualmente, são três milhões de CPFs cadastrados e quatro credores parceiros “plugados” na plataforma, que incluem Tribanco, Bradesco e C&A, em um total de R$ 2 bilhões em dívidas. Em paralelo, existem cinco parceiros em processo de homologação. Conforme o CEO da Acordo Certo, Edgard Melo, a ideia é que a negociação seja feita de forma simples e amigável, com a chegada espontânea de devedores que desejam quitar as dívidas. Mas sem pressão. “Enviamos comunicados, cartas ou SMS convidando a conhecer a plataforma. É o devedor quem escolhe negociar, no momento dele”, diz.

No ar desde outubro de 2015 e com 1,3 milhão de CPFS cadastrados, a QueroQuitar já possui oito credores parceiros, que incluem Bradesco, Banco Sofisa e Vivo, com R$ 1,6 bilhão em dívidas cadastradas. A perspectiva é que o número de parceiros chegue a 30 ao final de 2016. “Somos um marketplace voltado para a negociação de débitos. Nossa proposta é sermos um canal neutro e eliminarmos o atrito para o devedor, que não gosta do contato com o credor, o cobrador e o negativador”, diz o CEO Marc Lahoud. O objetivo, diz é que cada vez mais credores povoem a plataforma para que o devedor possa encontrar o débito com facilidade e ter a oportunidade de negociar as dívidas on-line.

Os modelos permitem, também, que o devedor faça uma proposta avulsa de negociação para uma empresa que não seja integrante das plataformas. Com as propostas em mãos, entram em contato com as credoras para acelerar a vinda delas. Na QueroQuitar, há R$ 80 milhões em propostas de pessoas querendo negociar dívidas apenas nesse canal. Na Acordo Certo, são R$ 85 milhões, com 38,5 mil propostas para 350 credores que ainda não fazem parte da plataforma.

 

CLAUDIO BELLI/VALOR